O projeto da Vila Belga seguiu diferentes princípios dos demais bairros operários construídos na época. A Vila foi inserida no contexto central da cidade de Santa Maria, buscando a valorização da individualidade e a qualidade de vida dos moradores. A presente proposta para o Iconicidades Santa Maria, busca ressaltar essa abordagem, trazendo continuidade e conectividade para a ressignificação dessa área de alto potencial comunitário, econômico e educacional.
A implantação da nova edificação se dá de maneira recuada a fim de respeitar o caráter das fachadas originais da Vila. Essa medida cria também uma área de interação público-privada que possibilita a extensão das apropriações urbanas para dentro do terreno da proposta. A nova edificação se encontra implantada próxima ao limite norte da gleba, deixando livre o espaço a sul para interações do público com as salas de aula e apropriações da renovada estrutura de arquibancada mantida ao fundo do lote em frente a uma generosa área pavimentada que pode desembaraçadamente se transformar em palco ou picadeiro, com visualização também a partir da marquise da Escola.
O projeto utiliza materialidade e traços que permitem uma relação sutil com o Art Déco, estilo arquitetônico predominante nas edificações históricas da região central do município. As transparências são significativas, porém, não se sobrepõem à massa opaca, evitando qualquer simplificação excessiva da dualidade entre arquitetura nova e antiga. As paredes curvas – e por isso mesmo autoportantes e aptas a receberem cargas de compressão – e as demais fachadas da nova edificação são propostas a partir do reaproveitamento dos tijolos maciços advindos da demolição dos anexos não patrimoniais atualmente ligados ao Clube. Essa abordagem, além de viabilizar um bom desempenho térmico e acústico, busca estabelecer vínculos materiais com a memória do local – uma arquitetura de continuidade.