Caso nosso projeto para a sede nacional do Conselho dos Arquitetos e Urbanistas e do Instituto dos Arquitetos do Distrito Federal lembre mais uma grande casa que um edifício de escritórios padrão, não estranhe – essa é exatamente a nossa intenção. Temos convicção de que este é o caráter mais adequado para este edifício; afinal, é ele que melhor traduz a relação que nós, arquitetos, teremos com esta obra. O programa se organiza ao redor de um grande pátio central, como bem sugere o clima do planalto central, o que garante ventilação e iluminação natural em todos os ambientes e estabelece uma desejável cumplicidade entre as diferentes partes do programa.
Privilegiamos os percursos caminhados (promenades) associados a suaves planos inclinados como principal meio de acesso às atividades de caráter público do edifício. Ao tomar os caminhos a que é convidado e percorrer a concatenação de espaços proposta, perspectivas longas revelam-se para o visitante e permitem apreender visualmente as dimensões do projeto e a maneira como ele está organizado. A manipulação de níveis permitiu que se garantisse pé-direito adequado tanto ao plenário como ao auditório. A cota mais alta é reservada para as atividades de trabalho mais cotidianas, que desfrutam assim de mais tranquilidade e também de vistas privilegiadas sobre Brasília. Ao posicionar as atividades de trabalho cotidiano no segundo pavimento, temos a oportunidade de lançar mão de iluminação zenital e ventilação natural em esquema de chaminé, minimizando os gastos energéticos e maximizando o conforto dos usuários, além de garantir máxima integração e flexibilidade. O café e seu terraço estão implantados sobre o bloco de apoio, facilmente acessível para todos os usuários do edifício. A cobertura é ocupada por atividades públicas e coletivas do CAU/BR.
A análise da planta revela a estratégia de concentrar as atividades principais nos blocos voltados para a frente e o fundo do terreno, enquanto o volume transversal absorve as áreas de apoio do programa, cuidadosamente acomodadas por trás das rampas que compõem o circuito espiral que permeia o projeto e que emprestam caráter institucional à fachada voltada para o pátio. A loja do IAB e o restaurante voltam-se para a rampa que dá acesso ao Centro Cultural, estabelecendo uma relação de desejável complementaridade.
O paisagismo é aqui mais que um mero preenchimento de espaço. A convivência entre esculturas e espécies vegetais nativas proposta é parte fundamental da praça de acesso ao edifício e a área coberta a que se chega inicialmente funciona, retomando a analogia da casa, como a sala de estar do projeto. A área de desembarque do Centro Cultural se dá no pátio central, ao redor de uma grande árvore, e é acessada por via instalada sobre o perfil natural do terreno.
Conscientemente refutamos em nossa proposta a possibilidade de filiação unívoca e simples a qualquer escola de arquitetura preestabelecida sem deixar, porém, de usar várias estratégias de projeto reconhecíveis. Procuramos, acima de tudo. fazer um edifício verdadeiramente representativo, que fosse ao mesmo tempo didático para os arquitetos iniciantes e desafiador para os mais experientes.