Entendemos o problema da construção de um edifício destinado à formação profissional de jovens adultos em sua maioria como um desafio de como oferecer a eles um ambiente que encoraje a interação, a conversa e a troca de experiências de vida. Acima de tudo, desejamos criar uma comunidade e sabemos que espaços gregários, que espontaneamente convidam a experiências coletivas, são o ponto de partida para que esses tantos e tão importantes encontros aconteçam.
O sítio é desafiador, tanto do ponto de vista da construção, com uma encosta acentuada que toma boa parte de sua área, como do ponto de vista das conexões peatonais urbanas, pressionado que é pela atribulada Avenida Antônio Carlos Magalhães. Nosso desenho procura implantar a nova escola SENAC sem interferir na encosta, e imagina toda a edificação como um contínuo espaço compartilhado vertical. A volumetria cilíndrica permite que se maximize a área construída por pavimento com o mínimo de impacto visual na visada da encosta natural, permitindo que o edifício não atinja alturas desnecessárias. Procuramos que o artefato construído não altere excessivamente a paisagem. Essa geometria permite também uma rica, complexa, coleção de vistas a partir do interior em direção à cidade, sempre mudando, encorajando o perambular acompanhado e a conversa casual.
O perímetro da planta oferece suaves planos inclinados que conectam as lajes organizadas verticalmente em uma sequência alternada. As lajes voltadas para a avenida e aquelas voltadas para a encosta possuem entre si uma defasagem de nível equivalente a metade da altura dos pavimentos, de modo que pouco se perceba a estratificação vertical das atividades – há sempre uma vista diagonal aberta e poucos degraus a vencer. Tudo se integra.
O ambiente climático na Bahia enseja ventilação abundante e sombreamento. Nosso projeto se baseia nessas premissas. Para além de ter as circulações (que mais lembram pequenas praças que corredores) perenemente ventiladas, o projeto prevê um vazio central que reforça a ventilação cruzada e a saída superior do ar aquecido. As esquadrias das salas igualmente se resolvem visando obter o máximo proveito da ventilação e iluminação naturais.
A cobertura do volume principal se resolve como uma praça pública integrada com a comunidade lindeira a partir de uma pequena passarela. Os moradores também podem utilizar a circulação vertical para um acesso facilitado ao nível da avenida. Entendemos estas qualidades como importantes para que a arquitetura faça e seja cidade.